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Irrigação
Culturas do milho, sorgo e milheto irrigados
Manejo da Água - Ajuda
Duração do Ciclo

A duração total do ciclo das culturas aqui considerada vai desde o dia da semeadura até a maturação fisiológica, ocasião em que praticamente a planta termina o processo de senescência e se encerra a absorção de água pelas raízes. No entanto, essa duração é variável de acordo com a cultivar (normal, precoce, superprecoce) e com as condições climáticas, pois normalmente um mesmo tipo de material pode alongar ou encurtar o ciclo dependendo da demanda evaporativa: maior demanda evaporativa tende a encurtar o ciclo e vice-versa.

A partir de opções mais comuns para a duração total do ciclo (objetivando obter como produto final grãos ou sementes secos) das culturas do milho, sorgo e milheto é obtida a divisão das 4 fases, de modo que as fases 1, 2, 3 e 4 correspondam, respectivamente, a 17%, 28%, 33% e 22% do ciclo total. Além disso, as fases 1, 2 e 4 foram subdivididas eqüidistantemente em mais três (a, b e c), visando melhorar a acurácia na estimativa da profundidade efetiva do sistema radicular (Z) nas fases 1 e 2, assim como na estimativa dos coeficientes de cultura (Kc) nas fases 2 e 4, tendo em vista que Z e Kc variam com o tempo nessas respectivas fases.

No caso da cultura do milho, quando o objetivo é produzir silagem, a duração da fase 4 é parcial (7%, em vez de 22%), quando for milho verde/milho doce ou minimilho, a fase 4 é inexistente e a duração da fase 3 é parcial (27% e 8%, respectivamente). No caso do sorgo para silagem, a sua duração segue o mesmo critério do milho para silagem. Mesmo que a presente metodologia indique uma data de irrigação, é importante também saber que, para qualquer uma das três culturas, se o objetivo é a obtenção de grãos secos, deve-se suspender a irrigação logo que a cultura atinja a maturação fisiológica, o que na prática é evidenciada pela formação da chamada “camada preta” dos grãos.

Para as regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, de acordo com o mês do plantio, pode ser usada, como sugestão, a seguinte tabela para a obtenção da duração do ciclo:

Mês do Plantio
Duração Total do Ciclo (dias)
 
Milho
Sorgo
Milheto
 
Grãos Silagem Milho Verde Minimilho Grão Silagem
Janeiro/Fevereiro
125
105
95
60
115
100
110
Março/Abril
140
120
105
68
125
105
120
Maio/Junho
150
130
115
76
130
110
125
Julho
140
120
105
68
125
105
120
Agosto
130
110
100
64
120
100
115
Setembro/Outubro
120
100
90
56
110
95
105
Novembro/Dezembro
120
100
90
56
110
95
105

Demanda Evaporativa

As opções para a demanda evaporativa tiveram como objetivo estimar o consumo total de água pelas culturas (muito alta; alta; moderada e baixa demandas), assim como estimar o Kc para cada uma das 4 fases do ciclo, conforme o manual 56 da FAO.

A demanda evaporativa se baseou na umidade relativa mínima (URmin), para a classificação climática, e velocidade do vento a 2 m de altura (u2) médias mensais predominantes no local e época do desenvolvimento da cultura, segundo as tabelas:

 

Descrição do vento u2 (m/s)
1- vento brando
u2 £ 1
2 - vento brando a moderado
1 < u2 £ 3
3 - vento moderado a forte
3 < u2 £ 5
4 - vento forte
u2 > 5

 

Classificação Climática
URmin(%)
URmed*(%)
Árido
20
45
Semi-árido
30
55
Semi-úmido
45
70
Úmido
70
85
*umidade relativa média    

 

Combinando as duas tabelas anteriores classificou-se a demanda evaporativa da seguinte forma:
Demanda
ETo
Consumo de água da cultura (mm)
Classificação climática +
Evaporativa
(mm/dia)
Milho**
Sorgo
Milheto
Condição de vento
Baixa
ETo £ 2,5
480/410
370/270
400/360
370
Úmido + brando
Úmido + brando a moderado
Semi-úmido + brando
Úmido + moderado a forte
Moderada
2,5 < ETo £ 5
530/460
400/290
440/390
400
Semi-úmido + brando a moderado
Semi-árido + brando
Úmido + forte
Árido + brando
Semi-árido + brando a moderado
Alta
5 < ETo £ 7,5
590/510
440/310
470/420
450
Semi-úmido + moderado a forte
Árido + brando a moderado
Semi-úmido + forte
Muito Alta
ETo > 7,5
640/560
470/330
500/440
480
Semi-árido + moderado a forte
Árido + moderado a forte
Semi-árido + forte
Árido + forte

* Evapotranspiração de referência
**Valores referentes, respectivamente, para produção de grãos/sementes, silagem, milho verde/milho doce e minimilho.
+ Valores referentes, respectivamente, para produção de grãos/sementes e silagem.

Obviamente, nas condições reais do clima brasileiro é muito difícil a ocorrência de demanda evaporativa em período contínuo dentro de uma mesma classificação, conforme a tabela acima. Explicando melhor, ao longo do ciclo da cultura é muito provável que haja variações climáticas possibilitando a ocorrência de demandas evaporativas diferenciadas. A tabela serve como uma referência para prever o consumo de água das culturas, considerando uma classificação de demanda evaporativa predominante ao longo do ciclo fenológico da cultura

Para obter informações sobre as unidades climáticas dominantes no território brasileiro visite parte do site do IBGE ( http://www.ibge.gov.br ) e clique no cartograma referente ao "Clima".

Capacidade de Armazenamento de Água pelo Solo

Considerando o solo como um componente do sistema que tem como função armazenar água para a cultura, foram consideradas 3 opções de condição de solo, segundo a sua capacidade máxima de armazenamento (alta - 60 mm; média - 40 mm e baixa - 20 mm). Esses valores são as lâminas que podem ficar armazenadas entre a capacidade de campo (CC) e o ponto de murcha permanente (PMP) numa profundidade de 40 cm do perfil do solo. No presente caso, adotou-se um coeficiente de esgotamento (f) igual a 0,6 (ou seja, pode ser consumida até 60% da água armazenada no solo), prevendo-se o conteúdo de água no solo não se aproximar muito do PMP e causar algum déficit hídrico à cultura. Nas fases 1 e 2 do ciclo da cultura considerou-se esse valor variar em função do crescimento radicular, partindo-se de 5 cm (profundidade de semeadura), para o milho, e 2,5 cm, para o sorgo e milheto, no início da fase 1, e crescendo linearmente até atingir 40 cm, logo no início da fase 3. A escolha desse fator originou o turno de irrigação (intervalo entre irrigações) para cada uma das 4 fases e respectivas subfases a, b e c das fases 1, 2 e 4.

No caso do milho cultivado como minimilho ou milho verde/milho doce, nas fases 3 e 3b, respectivamente, foi considerado o f igual a 0,3, de modo a manter o solo com umidade mais elevada, para favorecer o prolongamento do período de colheita.

Lâmina Bruta de Irrigação

Deve-se frisar que a lâmina bruta de irrigação (que é a que realmente deve ser aplicada) é obtida pela divisão da lâmina líquida pela eficiência de irrigação (em decimal), que é função do sistema de irrigação utilizada pelo irrigante. Como referência, pode-se utilizar a seguinte tabela, de acordo com o sistema:

Sistema
Eficiência atingível (em decimal)
Irrigação Superficial :  

Tabuleiros Inundáveis

0,80 a 0,90

Faixas

0,70 a 0,85

Sulcos

0,60 a 0,75

Irrigação por Aspersão:
 

Convencional Móvel

0,65 a 0,75

Autopropelido

0,60 a 0,70

Pivô Central e Linear Móvel

0,75 a 0,90

Convencional Fixo

0,70 a 0,80

Irrigação Localizada:
 

Gotejamento

0,75 a 0,90

Microaspersão

0,70 a 0,85

Fonte: Solomon, K.H. Irrigation systems and their water application efficiencies.
Agribusiness worldwide, Westport, v.12, n.5, p.16-24, 1990.

Ocorrência de Chuvas

Os resultados gerados não levam em consideração a ocorrência de chuvas. Caso ocorram, deve-se subtrair da lâmina líquida a chuva efetiva, ou seja, a precipitação que efetivamente contribuiu no armazenamento da água no solo na zona do sistema radicular da cultura. Portanto, a água da chuva que foi perdida por interceptação pela própria cultura, por escoamento superficial e por drenagem profunda, não deve ser considerada nos cálculos para uma possível irrigação complementar. Mais detalhes sobre chuva efetiva podem ser encontrados no manual 24 da FAO.

 

Irrigação no Dia do Plantio

Recomenda-se para a irrigação de plantio (fase 0) uma lâmina de água que eleve o conteúdo inicial de água no solo (dia do plantio, solo seco) até a capacidade de campo (CC), para uma profundidade de solo de 20 a 40 cm. Como, normalmente, não se conhece esse conteúdo inicial de água, deve-se irrigar a lâmina máxima dentro de sua capacidade de armazenamento, segundo a classe do solo já estabelecida, isto é, solo com alta capacidade de armazenamento - 30 a 60 mm, média capacidade - 20 a 40 mm e baixa capacidade - 10 a 20 mm.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     
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